Conforme tratado anteriormente, desde a queda do Império Romano do Ocidente e início das invasões bárbaras, a estrutura social foi sendo modificada até culminar no Feudalismo, resultante da articulação entre valores romanos, germânicos e católicos.
A Igreja Católica fortaleceu-se grandemente, ocupando uma posição social e poderio inéditos até então. O cristianismo primitivo fora substituído, originando uma instituição hierárquica cujo líder máximo, o papa, exercia domínio político e social soberano, tal como o rei. O clero, assim como os nobres, eram isentos de impostos e administravam os bens doados à Igreja, cujo patrimônio cresceu vertiginosamente.
Tal poderio sobre o comportamento e pensamento social exercido pela Igreja Católica na Idade Média pode ser em parte explicado pelo desaparecimento das instituições de Estado presentes no Império Romano. Após a sua decadência, a Igreja aliançou-se às dinastias germânicas conquistadoras e assumiu o papel das instituições públicas, cabendo a esta a educação, julgamento, aplicação de leis, controle de informações e da economia, não cabendo a nenhum outro setor, contestação.
O poder do Rei, no sistema feudal, estava enfraquecido, pois apesar deste ser considerado como o susserano maior, cada feudo possuía um susserano ou senhor que contava com a lealdade de seus vassalos e servos, descentralizando o poder e fortalecendo o poder regional. Os vassalos, em troca de terras, juravam ao seu susserano lealdade política e militar. Neste período não existia uma moeda única para todo o reino, nem um exército nacional, mas somente exércitos locais a serviço dos senhores feudais. Em troca das terras aos nobres, os reis podiam dispor do apoio militar destes, em caso de necessidade.
Aos servos, somente cabia a aceitação do regime de colonato, devendo o mesmo em troca da propriedade que recebia, cultivar também as terras de seu senhor e entregar a este parte de sua produção pessoal, além do pagamento de impostos.
Após séculos de dominação do sistema feudal, por volta do século XIII este passou a apresentar sinais de saturação, principalmente frente as crises que se abateram na Europa neste período. Dentre tais fatores podemos citar o aumento demográfico oriundo do relativo momento de paz vivido pelos reinos frente à invasões de outros povos, necessitando de maior quantidade de terras cultiváveis para abastecimento das populações. Muitos servos oriundos de famílias muito numerosas passaram a cultivar terras comuns, como as florestas e pântanos (arroteamento), porém apesar do aumento de terras cultiváveis e melhoria das técnicas agrícolas, houve uma crise agrícola no final do século XIII, tão severa que sementes deixaram de encontradas.
Aliado à crise agrícola, a Europa foi assolada pela peste negra entre os anos de 1348 e 1349, levando a uma baixa demográfica de cerca de 1/3 da população. Devido às crises, fome e péssimas condições enfrentadas, a sociedade entrou em colapso. Os servos, já castigados pelas dificuldades relativas à sua condição social, frente ao aumento de exigências senhoriais e dos preços, rebelaram-se em várias partes da Europa, exigindo melhores condições de subsistência. Em paralelo, as duras condições de vida do campo, fez com que muitos camponeses fossem atraídos pela atividade comercial como forma de melhorar suas condições. Grandes feiras surgiram, e atividades financeiras antes estagnadas como troca de dinheiros, financiamentos e empréstimos voltaram a fazer parte da rotina das cidades que foram ganhando cada vez maior importância econômica e surgiram movimentos de emancipação das mesmas, pois estas ainda estavam ligadas ao feudo.
Frente às mudanças sociais experimentadas por toda a Europa, à expansão do comércio, bem como para controlar as revoltas populares que surgiam e a devastação provocada pelas epidemias, os comerciantes, agora fortalecidos, cobravam ações mais enérgicas e centralizados de seus soberanos. Inicia-se então os processos de centralização do poder e início das monarquias nacionais.