A Reforma Protestante não foi apenas um movimento religioso, mas também teve importantes elementos políticos, econômicos e sociais, e pode ser definida como um amplo movimento de contestação dos dogmas católicos que dividiu o Cristianismo na Europa Ocidental.
Na Idade Média, a Igreja Católica tornou-se a mais poderosa instituição da Europa Ocidental, dominando aspectos importantes da vida social como a educação, arbitrando sobre questões de direito e orientando a economia. Era a detentora de grande parte das riquezas (terras) e, ainda na transição feudalismo-capitalismo, permanecia com grande poder de influência sobre as monarquias recém-formadas e dia a dia das comunidades. As críticas as suas ações e dogmas eram declaradas como heresias e, em 1231 o Tribunal da Santa Inquisição fora criado para repressão das mesmas.
Entretanto, mesmo assim, inúmeras críticas eram dirigidas à Igreja Católica, que em geral faziam referência ao abandono pela mesma dos ideiais da igreja primitiva que vivia da simplicidade, prática da caridade, valorização da humildade e mantinha uma conduta moral irreprovável. Dentre tais movimentos de oposição, pode-se citar o criado por Francisco de Assis. Tendo seus seguidores tornado-se uma preocupação para Igreja, o Papa Inocêncio III criou a Ordem dos Franciscanos, para solucionar de modo político tal comportamento rebelde do frade, garantindo dessa forma o controle sob os adeptos de sua forma de vida.
Dentre as causas da Reforma, pode-se citar:
- A exagerada riqueza da Igreja e de seus membros, sustentada pela corrupção da venda de indulgências, relíquias sagradas e cargos religiosos.
- As críticas à vida mundana de membros do clero.
- Interesses políticos da nobreza nas terras, no poder e no dízimo cobrado pela Igreja.
- Apoio dos burgueses interessados em na defesa do lucro (usura), tida como pecado pela Igreja Católica.
- O espírito crítico trazido pelo Renascimento Cultural, tendo os humanistas Erasmo de Roterdã e Rabelais redigido várias críticas à instituição em suas obras Elogio à Loucura, Gargantua e Pantagruel.
Primeiros movimentos reformistas ou Precursores da Reforma
- Jonh Wycliffe: Introduzia uma "heresia" na Faculdade de Oxford, onde lecionava, afirmando que a graça era oriunda diretamente de Deus sem a necessidade de sacerdotes intermediários, que a Bíblia era a única fonte de verdades cristãs e a recusa da transubstanciação.
- John Russ: Adotou as teorias de Wycliffe e negava a remissão de pecados pela venda de indulgências. Foi condenado e queimado vivo na fogueira.
Reformismo de Lutero
Martinho Lutero era um monge alemão que acreditava que "as boas obras" (doações dos fiéis à Igreja) não eram suficientes para salvar a alma da condenação. Em lugar da salvação por obras, ele propunha a Salvação pela Fé. "Desta forma somos pecadores aos nossos olhos e, apesar disto, estamos justificados perante Deus se tivermos fé" - Martinho Lutero.
Criticava ainda a ganância da Igreja, o comportamento devasso dos clérigos e o afastamento das lições dos textos sagrados.
Foi excomungado e, em 1530 criou a Confissão de Augsburg, base da doutrina luterana que pregava: a salvação unicamente pela fé, a interpretação livre da Bíblia (única verdade incontestável), necessidade de somente dois sacramentos (batismo e eucaristia), supressão do celibato clerical e do culto às imagens, além da submissão da Igreja ao Estado.
Apesar da forte perseguição, o Luteranismo encontrou apoio na nobreza alemã, garantindo sua sobrevivência. Tal aliança foi formada pelos interesses desta não somente nos ideias pregados pela nova doutrina, mas também econômicos ao retirar o Estado da tutela da Igreja e possivelmente colocar o patrimônio católico ao alcance dos nobres.
Reformismo de Calvino
João Calvino deu sequência ao movimento reformista. Foi o responsável por adaptar os pensamentos luteranos ao interesse da burguesia. Para o calvinismo existia a predestinação, cujo símbolo terreno seria o bem estar material. Desta forma, a doutrina calvinista ofereceu aos burgueses uma situação mais confortável para praticar a busca pelo lucro, condenada pela Igreja Católica.
Reformismo Inglês - Rei Henrique VIII
A nobreza e a burguesia inglesas não ofereciam apoio ao clero principalmente devido aos tributos cobrados. Aliados ao descontentamento real pela negativa do pedido de divórcio de sua primeira esposa, Catarina, o rei Henrique VIII fundou o Anglicanismo através do Ato de Supremacia (1534), que determinava o poder do Rei sobre a Igreja e o Estado da Inglaterra.
A Igreja Anglicana manteve parte dos dogmas, rituais e celebrações católicos, porém permitia aos ingleses o confisco dos bens da Igreja.
Anabatistas
Pregavam principalmente o batismo de adultos, considerando o batismo infantil sem fundamento bíblico. Cada um de seus líderes atribuiu novos caráteres a nova doutrina que fora severamente esmagada.