sexta-feira, 8 de julho de 2011

CONTRA REFORMA


Diante da crise que se abatia sobre a Igreja Católica, o Papa Paulo III convocou um grupo de estudiosos criando um documento publicado em 1538 com duras auto-críticas à Igreja, principalmente sobre o caráter materialista assumido.
O processo de reação da Igreja passou a ser liderado pela Companhia de Jesus , ordem religiosa que tinha forte apelo à obediência hierárquica e à conduta moral rígida, visando a reestruturação do comportamento dos clérigos. Nas Américas, os jesuítas agiam em duas frentes: educação das crianças de origem européia e na catequese indígena, como forma de expandir a fé católica.

Concílio de Trento

Na tentativa de modificar a Igreja e manter a unidade da fé, o Papa João III e o alto clero, através de assembléias, decidiram pela:
- Proibição da venda de Indulgências e de cargos.
- Aprimoração da formação dos padres obrigatoriamente pelos seminários.
- Catequese para educar os cristãos na fé católica.

E reafirmados os seguintes pontos:
- Salvação pela fé e pelas boas obras
- Celibato clerical
- Confirmação dos dogmas e rituais católicos

Sendo assim, não houve mudanças na filosofia da igreja, mas os abusos e a corrupção do clero foram reprimidos e reinstaurado o Tribunal do Santo Ofício ou da Inquisição, a fim de suprimir a expansão das doutrinas heréticas.

Além da perseguição, a Inquisição exerceu severa censura sobre as obras publicadas e em circulação pela Europa. Para tanto foi criado o Index, uma lista de livros proibidos aos fiéis por conter "assuntos perniciosos à fé católica".


Consequências da Reforma e Contra-Reforma

- O século XVI europeu foi marcado pela intolerância religiosa das guerras santas e da perseguição da Inquisição. Surgiu mais uma divisão do Cristianismo: os protestantes, além dos católicos e ortodoxos já existentes.
- A Igreja Católica perdeu espaço na Europa, porém continuou difundindo-se nas Américas, atuando na conversào de indígenas e na educação dos ''filhos dos brancos".
- O gradual enfraquecimento do Papa contribuiu para o fortalecimento dos Estados Nacionais e de seus monarcas.
- Com o calvinismo, a burguesia passou a encontrar uma justificativa religiosa para o lucro.
- As práticas do Concílio de Trento somente foram revistas em 1962, pelo Papa João XXIII que estabeleceu a liberdade de culto e o ecumenismo.

REFORMA PROTESTANTE


A Reforma Protestante não foi apenas um movimento religioso, mas também teve importantes elementos políticos, econômicos e sociais, e pode ser definida como um amplo movimento de contestação dos dogmas católicos que dividiu o Cristianismo na Europa Ocidental.

Na Idade Média, a Igreja Católica tornou-se a mais poderosa instituição da Europa Ocidental, dominando aspectos importantes da vida social como a educação, arbitrando sobre questões de direito e orientando a economia. Era a detentora de grande parte das riquezas (terras) e, ainda na transição feudalismo-capitalismo, permanecia com grande poder de influência sobre as monarquias recém-formadas e dia a dia das comunidades. As críticas as suas ações e dogmas eram declaradas como heresias e, em 1231 o Tribunal da Santa Inquisição fora criado para repressão das mesmas.

Entretanto, mesmo assim, inúmeras críticas eram dirigidas à Igreja Católica, que em geral faziam referência ao abandono pela mesma dos ideiais da igreja primitiva que vivia da simplicidade, prática da caridade, valorização da humildade e mantinha uma conduta moral irreprovável. Dentre tais movimentos de oposição, pode-se citar o criado por Francisco de Assis. Tendo seus seguidores tornado-se uma preocupação para Igreja, o Papa Inocêncio III criou a Ordem dos Franciscanos, para solucionar de modo político tal comportamento rebelde do frade, garantindo dessa forma o controle sob os adeptos de sua forma de vida.


Dentre as causas da Reforma, pode-se citar:
- A exagerada riqueza da Igreja e de seus membros, sustentada pela corrupção da venda de indulgências, relíquias sagradas e cargos religiosos.
- As críticas à vida mundana de membros do clero.
- Interesses políticos da nobreza nas terras, no poder e no dízimo cobrado pela Igreja.
- Apoio dos burgueses interessados em na defesa do lucro (usura), tida como pecado pela Igreja Católica.
- O espírito crítico trazido pelo Renascimento Cultural, tendo os humanistas Erasmo de Roterdã e Rabelais redigido várias críticas à instituição em suas obras Elogio à Loucura, Gargantua e Pantagruel.

Primeiros movimentos reformistas ou Precursores da Reforma

- Jonh Wycliffe: Introduzia uma "heresia" na Faculdade de Oxford, onde lecionava, afirmando que a graça era oriunda diretamente de Deus sem a necessidade de sacerdotes intermediários, que a Bíblia era a única fonte de verdades cristãs e a recusa da transubstanciação.

- John Russ: Adotou as teorias de Wycliffe e negava a remissão de pecados pela venda de indulgências. Foi condenado e queimado vivo na fogueira.


Reformismo de Lutero

Martinho Lutero era um monge alemão que acreditava que "as boas obras" (doações dos fiéis à Igreja) não eram suficientes para salvar a alma da condenação. Em lugar da salvação por obras, ele propunha a Salvação pela Fé. "Desta forma somos pecadores aos nossos olhos e, apesar disto, estamos justificados perante Deus se tivermos fé" - Martinho Lutero.
Criticava ainda a ganância da Igreja, o comportamento devasso dos clérigos e o afastamento das lições dos textos sagrados.
Foi excomungado e, em 1530 criou a Confissão de Augsburg, base da doutrina luterana que pregava: a salvação unicamente pela fé, a interpretação livre da Bíblia (única verdade incontestável), necessidade de somente dois sacramentos (batismo e eucaristia), supressão do celibato clerical e do culto às imagens, além da submissão da Igreja ao Estado.
Apesar da forte perseguição, o Luteranismo encontrou apoio na nobreza alemã, garantindo sua sobrevivência. Tal aliança foi formada pelos interesses desta não somente nos ideias pregados pela nova doutrina, mas também econômicos ao retirar o Estado da tutela da Igreja e possivelmente colocar o patrimônio católico ao alcance dos nobres.

Reformismo de Calvino

João Calvino deu sequência ao movimento reformista. Foi o responsável por adaptar os pensamentos luteranos ao interesse da burguesia. Para o calvinismo existia a predestinação, cujo símbolo terreno seria o bem estar material. Desta forma, a doutrina calvinista ofereceu aos burgueses uma situação mais confortável para praticar a busca pelo lucro, condenada pela Igreja Católica.

Reformismo Inglês - Rei Henrique VIII

A nobreza e a burguesia inglesas não ofereciam apoio ao clero principalmente devido aos tributos cobrados. Aliados ao descontentamento real pela negativa do pedido de divórcio de sua primeira esposa, Catarina, o rei Henrique VIII fundou o Anglicanismo através do Ato de Supremacia (1534), que determinava o poder do Rei sobre a Igreja e o Estado da Inglaterra.
A Igreja Anglicana manteve parte dos dogmas, rituais e celebrações católicos, porém permitia aos ingleses o confisco dos bens da Igreja.

Anabatistas

Pregavam principalmente o batismo de adultos, considerando o batismo infantil sem fundamento bíblico. Cada um de seus líderes atribuiu novos caráteres a nova doutrina que fora severamente esmagada.

terça-feira, 5 de julho de 2011

RENASCIMENTO CULTURAL E HUMANISMO


O Renascimento Cultural constitui-se como um processo de muitas mudanças pelo qual passaram as artes, o pensamento e o conhecimento científico durante a transição do feudalismo para o capitalismo.
Sua origem encontra-se nos questionamentos de ordem intelectual de vários pensadores  buscavam na retomada da cultura clássica grega e romana a ampliação de seus conhecimentos em vários temas em contraposição à passiva aceitação pela fé, conforme preceituado pela Igreja. A preocupação com os temas ligados à vida humana identificou o movimento como Humanista  e pela busca da razão sobre a fé - Racionalismo.
O Humanismo buscava a valorização da humanidade, porém não representou uma ruptura com a Igreja. Não modificou os dogmas estabelecidos, mas a forma como estes se relacionavam: o mundo deixou de ser um lugar de sofrimento para a criação divina, tornando-se um local onde o homem deveria ser feliz (hedonismo), usufruindo dos benefícios de tudo que lhe rodeia, inclusive do próprio corpo.
Algumas situações foram determinantes para a difusão de tais idéias pela Europa, como por exemplo a invenção da imprensa e a recuperação dos textos clássicos antigos.
O Renascimento, entretanto, não fora um movimento experimentado por toda a sociedade de forma igualitária. Importante ressaltar a sua característica urbana e essencialmente elitista. Suas obras somente estavam ao acesso das elites da época e seus pensadores ou eram muito ricos ou eram patrocinados por alguém de grande poder econômico (burgueses, clero ou nobreza). Grande parcela da população ficou à margem deste movimento.
Dentre as características culturais do Renascimento podemos citar a retomada da cultura clássica produzida pelos gregos e romanos na Idade Antiga, vistas tais obras como portadoras de reflexões e conhecimentos a serem redescobertos. Também característica foi o Antropocentrismo, não opondo o homem a Deus, mas valorizando as pessoas em si, tornando o homem “a medida de todas as coisas”.
O ideal da Universalidade também é próprio deste movimento, uma vez que para os renascentistas, o ideal era a obtenção do conhecimento e aprendizado de tudo o que se conhece. Leonardo da Vinci foi o mais próximo deste ideal de ser humano a ser alcançado, haja vista o seu domínio nas mais diversas áreas de conhecimento, dentre as quais artes, astronomia, mecânica, anatomia...
Condenado pela igreja católica, o Renascimento experimentou um distanciamento benéfico daquela instituição, o que permitindo um aprofundamento do conhecimento científico. A sua principal contribuição foi o desenvolvimento da investigação e experimentação, avançando assim o conhecimento conquistado.
Em resumo: a época clássica que via na razão algo a ser atingido e cultivado, buscava um equilíbrio, entre a inspiração e a forma, com um otimismo em relação ao presente e futuro da humanidade. Algo que explica a saga dos portugueses que adentraram no mar em busca de novas descobertas, cientes de suas missões como parte do desenvolvimento de sua pátria. Não obstante, devê-se lembrar que esta transição foi um período complexo diante do choque que crenças entre o antigo e o novo pensamento. (Gaia Cultural - http://movimentoculturalgaia.wordpress.com/2010/03/30/renascimento-e-o-mundo-se-abriu/)
Principais nomes do Renascimento
Nas artes: Sandro Botticelli (cenas mitológicas e religiosas – Nascimento da Venus e Primavera), Leonardo da Vinci (A Ultima Ceia e Mona Lisa), Michelangelo Buonarroti (incorporou movimento e sentimento as obras – Piètá, Moisés e Davi, pinturas da capela cistina), Rafael (imagens sacras – a Virgem com o Menino e A Escola de Atenas).
Na literatura: Dante Alighieri (pré-renascentista - Divina Comédia), Giovanni Boccaccio (Decameron), François Rabelais (Gargantua e Pantagruel – sátira ao clero e dogmas católicos), Luís de Camões (Os Lusíadas), Miguel de Cervantes (Dom Quixote – impossibilidade de manutenção do pensamento e valores medievais frente ao mundo burguês), William Shakespeare (Romeu e Julieta, Hamlet, Macbeth..).
Nas ciências: Leonardo da Vinci e Copérnico
Pensadores: Erasmo de Roterdã (Países Baixos - Elogio da Loucura – críticas aos poderes), Nicolau Maquiavel (italiano - o Príncipe – diretrizes do Estado Moderno), Thomas Morus (inglês - crítica a sociedade – Utopia).

FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS - PORTUGAL, ESPANHA, INGLATERRA E FRANÇA



Conforme visto no tópico anterior, as modificações sociais vivenciadas no final da Idade Média culminaram na necessidade de um poder forte e centralizado, diferente daquele presente no sistema predominante anteriormente (Feudalismo). Aliada à ascensão de uma nova classe, a burguesia, as monarquias nacionais começaram a surgir por toda a Europa, destacando-se Portugal, Espanha, Inglaterra e França.
As características principais dos Estados Nacionais Modernos são: Centralização do Poder, Território definido, Idioma Nacional, Exército Nacional, Burocracia (cargos públicos para auxílio do monarca), Sistemas Legais e Monetários Unificados, Manutenção do Clero e da Nobreza (com isenção de impostos e cargos de prestígio porém com poder enfraquecido) e Aliança com a Burguesia.
Portugal
Fora a primeira monarquia a estabelecer-se devido à vitória na Guerra de Reconquista (expulsão dos mouros – muçulmanos – da Península Ibérica) em 1094. Seu primeiro monarca, Afonso Henrique, promoveu fortemente o povoamento do território, sufocando ainda as tentativas de reação da fidalguia.
Após a revolução de Avis, uma segunda dinastia portuguesa estabeleceu-se, apoiada fortemente pela burguesia e aplicando recursos nas atividades marítimas e comerciais, incentivando a pesquisa náutica e possibilitando assim o pioneirismo português nas grandes navegações.
Espanha
Segunda monarquia moderna a ser formada, nasceu séculos após a Portuguesa, também por vitória na Guerra de Reconquista. Tão logo fora criada, a Espanha passou a promover uma corrida colonialista com a vizinha Portugal, sendo a responsável pela descoberta do continente americano em 1492. Diferente de Portugal que buscou novos caminhos pelo Atlântico para a conquista das Índias através do contorno da África, a Espanha dedicou-se a buscar caminhos pelo ciclo oriental das navegações.
Inglaterra
No século XIII, a Inglaterra era governada por uma família normanda. O fato de o poder ter sido tomado por uma guerra fez que com que este seja reconhecido como forte desde o início, amparado pelo poderio militar incontestável, e como o governante era estrangeiro e sem ligações com as classes dominantes locais, a centralização resta evidente.
O rei Guilherme buscou fortalecer ainda mais o seu poder ao aliançar-se aos plebeus livres, porém seus sucessores (2ª Dinastia - Plantageneta) optaram pelo enrijecimento do poder real frente à população. Cria-se o “commom law” ou lei comum a todo território inglês e a fiscalização de seu cumprimento pelos juízes nomeados pelo soberano. Tais governos caracterizaram-se por altos gastos e aumento de impostos, o que culminou na imposição pelos nobres, em 1215, de um conjunto de normas que definiam os direitos do povo sobre o soberano: a Magna Carta.
Após a derrota na Guerra dos Cem Anos, inicia-se uma guerra interna de sucessão entre duas dinastias – York e Lancaster – finalizando com a ascenção dos Tudor (união das duas famílias).
França
A monarquia francesa nasceu sob a imagem salvadora frente ao caos experimentado pela desordem do sistema feudal. Amparada fortemente pela Igreja Católica, possibilitou nos séculos seguintes a crença na Teoria do Direito Divino, utilizada para justificar o Absolutismo francês.
A dinastia responsável pela centralização do poder foi a Capetíngia, cabendo a Felipe Augusto a criação de uma primeira burocracia francesa, a quem cabia a fiscalização e cobrança de tributos.
Apesar de uma crítica ao Feudalismo, a monarquia utilizava-se de princípios daquele sistema quando lhe era favorável, por exemplo na obrigatoriedade de juramento de fidelidade e lealdade nas cerimônias de homenagem ao “suserano do suserano” . A Igreja também foi submetida ao poder francês . Com a vitória na guerra dos cem anos, a França consolida a centralização do poder.