quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O BRASIL HOLANDÊS


A primeira tentativa de invasão holandesa ocorreu em 1624, onde o alvo era Salvador, a capital da colônia. Diogo de Mendonça Furtado, governador da Bahia, mesmo com o conhecimento prévio do ataque não tomou nenhuma providência para repelir o iminente ataque, que ao se efetivar colocou em lugar deste o holandês Van Dorth.

Coube aos colonos a resistência, que alcançou êxito repelindo os invasores com o auxílio de uma esquadra luso-espanhola conhecida como "Jornada dos Vassalos" no ano seguinte, 1625. Apesar da derrota, a Holanda ainda manteve a firme idéia de conquistar o nordeste açúcareiro.

Em 1628, apreendeu nas Antilhas um dos maiores carregamentos de prata americana que ia para a Espanha e com os recursos deste feito financiaram uma segunda tentativa de invasão, tendo Pernambuco como novo alvo.

Em 1630 os holandeses chegaram a Pernambuco, dominando Olinda e Recife sem maiores dificuldades, apesar dos preparativos de defesa efetuados por Matias de Albuquerque, governador daquela capitania. Contra os invasores organizaram-se as "Companhias de Emboscada", contanto a resistência com o fator surpresa e o melhor conhecimento da área. A situação somente começou a inverter-se quando a Holanda passou a contar com o apoio de Calabar (traidor), além de índios tapuias, alguns lavradores, cristãos-novos, mestiços e escravos fugidos que participaram da exitosa campanha flamenga no Brasil.

A resistência aos holandeses não puderam contar com o apoio regular da Espanha, envolvida em outros focos de tensão, tais como a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) contra o avanço sueco na região que hoje corresponde a Alemanha. Além disso, um período de secas fragilizou a economia portuguesa, deixando-a sem condições de reprimir o ataque. Em 1635 consolidou-se o domínio holandês.

O Brasil holandês, ou Nova Holanda, era um empreendimento do qual se esperava extrair altos lucros. Foi enviado como governador-geral Maurício de Nassau, que aqui permaneceu de 1637 a 1644. Em seu governo, Nassau buscou a reorganização da produção açucareira bem como fortalecer a segurança. Buscou ainda a conciliação com os luso-brasileiros que permaneceram no domínio holandês e tratou de ampliar militarmente seu domínio territorial.

Nassau devolveu as propriedades tomadas aos seus antigos donos e concedeu a estes crédito e empréstimos a juros controlados, voltou a permitir o comércio com os Países Baixos e estabeleceu impostos mais baixos que os cobrados por Portugal. A produtividade da lavoura cresceu com a ampliação das áreas de cultivo e a introdução de novas técnicas. Além do açúcar, os holandeses incentivaram o cultivo de fumo e a extração de pau-brasil e madeiras para construção. Nassau instituiu ainda a tolerância religiosa e a igualdade de tratamento para holandeses e luso-brasileiros.

Foram organizadas as Câmaras dos Escabinos, presididas por holandeses (escoltetos), porém contavam com a representação dos luso-brasileiros também. Nos tempos de Nassau, Recife foi remodelada, pois este trouxe consigo vários artistas, homens da ciência, escritores e teólogos.

As relações entre os plantadores luso-brasileiros e a burguesia holandesa, entretanto, foi se desgastando com o decorrer do tempo. Os senhores de engenho que tinham contraído empréstimos não conseguiam saldar suas dívidas. Tais desajustes tornaram-se mais evidentes quando, em 1640, Portugal libertou-se do domínio espanhol, e levou ao trono D. João IV com o apoio da burguesia e da Companhia de Jesus. Assim sendo, Portugal reestabeleceu sua soberania e parte de seu império colonial.

Imediatamente Portugal e Holanda estabeleceram uma trégua de dez anos, comprometendo-se ambos a não ameaçar os respectivos domínios coloniais. A partir daí, a Companhia holandesa passou a diminuir seus efetivos militares a fim de conter gastos e demitiu Nassau, em 1644, substituindo-o por um Conselho de três membros. Ao sair, Nassau recomendou tolerância no trato com os senhores de engenho, conselho este que não foi acatado.

Tornou-se excessivamente severa a nova administração, sobretudo em relação a cobrança de dívidas e os prazos para saldá-las. As propriedades dos luso-brasileiros passaram a ser confiscadas e a tolerância religiosa não era mais observada. As tensões se acumularam e rebeliões eclodiram.

Em Pernambuco, um longo processo de rebeliões conhecido como "Insurreição Pernambucana" iniciou-se em 1645. O quadro político também modificou-se contra a Holanda com a aprovação por Oliver Cromwell dos Atos de Navegação em 1651, excluindo os flamengos do comércio colonial inglês. Os holandeses reagiram iniciando uma guerra naval em que seriam derrotados. A Inglaterra passou a apoiar Portugal. Èm 1653, uma tropa lusitana foi enviada ao Brasil, auxiliando os luso-brasileiros e culminando na expulsão dos holandeses em 1654.

Como resultado dos confrontos, a Holanda não somente perdeu o domínio sobre o Brasil como também o domínio marítimo para a Inglaterra que ascendeu no contexto político-econômico da Europa e estreitou suas relações com Portugal.

Os holandeses, levando consigo do Brasil mudas de cana e as técnicas de produção do açúcar, se instalaram nas Antilhas e em Curaçao e tornaram-se fortes concorrentes do Brasil no mercado açucareiro.

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